
Ainda dói muito pensar em tudo, tem certas coisas que nem o tempo apaga...
O último beijo, a primeira lágrima, a primeira mentira contada, a primeira ilusão criada, tudo isso é muito mais que apenas marcas...
A gente tenta se enganar com o obvio, tenta se apegar a primeira coisa que encontramos pelo caminho, tentamos de alguma maneira pensar que somos fortes, agimos como se fossemos de ferro, mostramos sorrisos plásticos pra nossa platéia, a quem assistiu nossa queda...Mas a verdade é que entramos em um pequeno cristal rachado, e quando chegamos em casa depois de mais uma festa regada de emoções falsas, o espelho vira nosso maior critico, e é inevitável chorar diante da nossa imagem corrompida pelo álcool, por corpos estranhos que tocaram nossos corpos, por drogas passageiras que não trazem nada além de dor...
Dizer que as coisas nem sempre são lindas e belas na nossa vida, vira algo além de um verso barato que dizemos quando estamos bêbados, e vira uma verdade que tentamos evitar... Como evitamos encontrar aquele mesmo olhar em outros olhos... E diante das nossas verdades, verdades criadas para outras pessoas não perceberem a fragilidade em que nos encontramos, nos vemos diante da nossa própria imagem decadente, e é difícil reconhecer nosso próprio rosto encharcado, e é impossível não fazer indagações... Aquela boca que beijei hoje poderia ser a sua, aquele corpo que me possuía poderia ser o seu, a mão que me apoiou quando que por um momento eu quase cai, poderia sim, ser a sua... Eu poderia listar e juntar, todas as bocas, todos os corpos, todas as mãos que um dia eu tive, e trocar por apenas uma, a sua.