terça-feira, 20 de abril de 2010

Eu senti meu corpo tremer, em uma coincidência ... '


Eu passei 3 minutos pensando, mas são 3 minutos daqueles eternos, sabe aqueles minutos que demoram horas pra passar...
e eu pensei em você, mesmo sabendo que você já não pensa em mim com a mesma frequência...
me perguntei, porque você se esconde de mim, me perguntei porque você sempre tem ciscos nos olhos quando eu passo por você, me perguntei porque você sempre tem um argumento pra finalizar algo que eu começo...
é dificil assim pra você me entender?
é dificil assim pra você me superar?
é tão fácil assim, não me encarar e fingir, que nada aconteceu?
é tão fácil assim fingir que não se importa?
Eu senti tanto frio numa noite de calor, enquanto eu pensava no teu corpo febril... eu senti meu corpo tremer em uma coincidência...
eu lembrei de todos os segundos, que me levaram a te beijar...naquela noite, ou em uma noite como outra qualquer, como você queira chamar, só sei, que foi com você, que eu vi o dia amanhecer...
foi com você que eu falei besteiras...foi com você que eu consegui rir sem parar, enquanto eu queria chorar, que foi com você que eu consegui disfarçar um coração que a tempos sangrava sem parar...
e agora tudo parece ter sido em vão, sorrisos, lágrimas, planos, gritos, desejos, medos, não são mais tão válidos pra você...talvez porque nunca existiu o "nós" só o "você"...
Talvez realmente você se baste, e eu que não seja o bastante....

domingo, 18 de abril de 2010

se eu pudesse...


Sim!
Eu podia sim, te dizer muitas coisas, eu podia fazer realmente tudo, tudo que eu queria...
Mais eu não vou mais insistir num mesmo erro bobo, não vou insistir nas mesmas palavaras sem graça...
Durante muito tempo, você foi, tudo, exatamente tudo que eu sempre quis ter...
Durante muito tempo eu vivi em um lugar abstrato, durante muito tempo seu rosto foi tudo que eu queria ver, durante muito tempo seu gosto foi tudo que eu sempre quis sentir...
Do que me adiantaria tentar te dizer algo ou tentar mudar a situação?
Realmente mudaria alguma coisa na nossa relação?
Eu não encontro saída, eu não encontro solução, ta cada vez mais complicado chegar no teu coração...
Eu queria, eu podia, eu tentaria...se eu soubesse que não ia ser tudo em vão...
Se eu pudesse te falar uma última vez tudo aquilo que eu guardei e nunca falei pra ninguém, seu eu pudesse ler todas as cartas que eu nunca escrevi pra você, se alguma coisa te fizesse mudar, se alguma coisa me fizesse ver, uma última vez o teu sorriso, uma última vez eu pudesse sentir o calor da tua respiração...
Porque o desprezo?
Porque essa amargura no coração?
O que te fizeram foi tão forte assim?
Porque você desconta em mim?
Se eu pudesse.........mais eu não posso!
Se você quizesse........mais eu não posso!
Eu so queria que você encontrasse em mim, o que de melhor eu tenho pra te oferecer...mais tudo bem..vou dar a volta nos ponteiros do rélogio, pois ele parou na hora errada de tentar te amar...

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Sei lá - Gabriel O Pensador ( pra você, vc sabe! )


Sei lá, tanta coisa eu tenho aqui pra te dizer...
Tanta coisa eu tenho em mim pra falar pra você.
Tanta coisa eu tinha mas não tenho mais, tanta coisa que ficou pra trás, mas agora vai.
Agora vai ficar meio ridículo, como todas as cartas de amor, que eu nunca te escrevi.
Agora, se você tivesse aqui, se você quisesse ouvir, agora, se você pudesse me seguir, eu ia te levar pra conhecer todo aquele sentimento que eu não soube te dizer.
Se você pudesse vir, se você pudesse ver, aqui dentro, onde o tempo não soprou o vento que faz esquecer, eu ia dizer tudo de uma vez...
Não sei, eu acho que eu não ia dizer nada.
Ou fazia tudo ao mesmo tempo, gritando o meu silêncio na nossa voz calada.

Um lábio sabe mais que um sábio diz saber.
Sei lá... A língua lambe mas não sabe o que dizer.
Sei lá... A lábia fala mas não faz acontecer.
Sei lá... E o silêncio fica imenso sem você.

Vem aprender, deixa a vida ensinar.
Se a vida não souber a gente pode improvisar.
Se você tivesse aqui pra me ajudar, trazendo o seu perfume pra desentristecer meu ar...
Ah, que perfume bom, Djavan no som, o gosto bom do seu batom...
Um sonho quando é bom não devia ter fim.
E quando vira pesadelo fica tão ruim.
A sua imagem na imaginação, mas sem você na cama é sempre a mesma solidão.
A solidão que dói, a solidão que mói, a solidão que me destrói.

Refrão

Antes, o som do silêncio era excitante, só que sem você é sufocante.
Dizem que o amor deixa a gente mais completo, mas eu sou metade, só metade sem você por perto.
E se você consegue rir me vendo chorar, eu não preciso saber.
Vira o seu riso pra lá.
Mas se você prefere me ver numa boa, por que não?
Pode te dar mais prazer do que me ver no chão.
Se você passar por cima assim você me pisa, com essa pose de desprezo, com esse peso que me pira e que me tira toda chance de recuperação.
Que piração: tô na procura por uma cura pro meu coração.
E na loucura da procura eu procurei você, e fiz uma procuração.
É, pro coração, pra curar o coração e deixar o cara são...
Pronto pra outra lição.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Texto de Arnaldo Jabour'


O mundo de hoje é travesti

Está rolando na internet um texto ridículo sobre "mulheres" atribuído a mim.

Sou uma besta, todos o sabem; mas, não chego a esse relincho lamentável do asno que o escreveu. Diz coisas como: "A mulher tem um cheirinho gostoso, elas sempre encontram um lugarzinho em nosso ombro." Uma bosta, atribuída a mim. Toda hora um idiota me copia e joga na rede. Por isso, vou falar um pouco de mulher, eu que mal as entendo na vida. Não falarei das coxas e seios e bumbuns... Falo de uma aura mais fluida que as percorre.

Gosto do olhar de onça, parado, quando queremos seduzi-las, mesmo sinceramente, pois elas sabem que a sinceridade é volúvel, não perdura. Um sorriso de descrédito lhes baila na boca quando lhe fazemos galanteios, mas acreditam assim mesmo, porque elas querem ser amadas, muito mais que desejadas. Elas estão sempre fora da vida social, mesmo quando estão dentro.

Podem ser as maiores executivas, mas seu corpo lateja sob o tailleur e lá dentro os órgãos estranham a estatística e o negócio. Elas querem ser vestidas pelo amor. O amor para elas é um lugar onde se sentem seguras, protegidas.

O termômetro das mulheres é: "Estou sendo amada ou não? Esse bocejo, seu rosto entediado... será que ele me ama ainda?" A mulher não acredita em nosso amor. Quando tem certeza dele, pára de nos amar. A mulher precisa do homem impalpável, impossível. As mulheres têm uma queda pelo canalha. O canalha é mais amado que o bonzinho. Ela sofre com o canalha, mas isso a justifica e engrandece, pois ela tem uma missão amorosa: quer que o homem a entenda, mas isso está fora de nosso alcance. A mulher pensa por metáforas.

O homem por metonímias. Entenderam? Claro que não. Digo melhor, a mulher compõe quadros mentais que se montam em um conjunto simbólico sem fim, como a arte. O homem quer princípio, meio e fim. Não estou falando da mulher sociológica, nem contemporânea, nem política. Falo de um sétimo órgão que todas têm, de um "ponto g" da alma.

Mulher não tem critério; pode amar a vida toda um vagabundo que não merece ou deixar de amar instantaneamente um sujeito devoto. Nada mais terrível que a mulher que cessa de te amar. Você vira um corpo sem órgãos, você vira também uma mulher abandonada.

Toda mulher é "Bovary"... e para serem amadas, instilam medo no coração do homem. Carinhosas, mas com perigo no ar. A carinhosa total entedia os machos... ficam claustrofóbicos. O homem só ama profundamente no ciúme. Só o corno conhece o verdadeiro amor. Mas, curioso, a mulher nunca é corna, mesmo abandonada, humilhada, não é corna. O homem corneado, carente, é feio de ver. A mulher enganada ganha ares de heroína, quase uma santidade. É uma fúria de Deus, é uma vingadora, é até suicida. Mas nunca corna. O homem corno é um palhaço. Ninguém tem pena do corno. O ridículo do corno é que ele achava que a possuía. A mulher sabe que não tem nada, ela sabe que é um processo de manutenção permanente. O homem só vira homem quando é corneado.

A mulher não vira nada nunca. Nem nunca é corneada... pois está sempre se sentindo assim. Como no homossexualismo: a lésbica não é viado.

A mulher é poesia. O homem é prosa. Isso não quer dizer que a mulher seja do bem e o homem do mal. Não. Muita vez, seus abismos são venenosos, seu mistério nos mata. A mulher quer ser possuída, mas não só no sexo, tipo "me come todinha". Falam isso no motel, para nos animar. O homem é pornográfico; a mulher é amorosa. A pornografia é só para homens. A mulher quer ser possuída em sua abstração, em sua geografia mutante, a mulher quer ser descoberta pelo homem para ela se conhecer. Ela é uma paisagem que quer ser decifrada pelas mãos e bocas dos exploradores. Ela não sabe quem é. Mas elas também não querem ser opacas, obscuras. Querem descobrir a beleza que cabe a nós revelar-lhes. As mulheres não sabem o que querem; o homem acha que sabe.

O masculino é certo; o feminino é insolúvel. O homem é espiritual e a mulher é corporal. A mulher é metafísica; homem é engenharia. A mulher deseja o impossível; desejar o impossível é sua grande beleza. Ela vive buscando atingir a plenitude e essa luta contra o vazio justifica sua missão de entrega. Mesmo que essa "plenitude" seja um "living" bem decorado ou o perfeito funcionamento do lar. O amor exige coragem. E o homem... é mais covarde. O homem, quando conquista, acha que não tem mais de se esforçar e aí , dança...

A mulher é muito mais exilada das certezas da vida que o homem. Ela é mais profunda que nós. Ela vive mais desamparada e, no entanto, mais segura. A vida e a morte saem de seu ventre. Ela faz parte do grande mistério que nós vemos de fora, com o pauzinho inerme. Ela tem algo de essencial, tem algo a ver com as galáxias. Nós somos um apêndice.

Hoje em dia, as mulheres foram expulsas de seus ninhos de procriação, de sua sexualidade passiva, expectante e jogadas na obrigação do sexo ativo e masculino. A supergostosa é homem. É um travesti ao contrário. Alguns dizem que os homens erigiram seus poderes e instituições apenas para contrariar os poderes originais bem superiores da mulher.

As mulheres sofrem mais com o mal do mundo. Carregam o fardo da dor histórica e social, por serem mais sensíveis e mais fracas. Os homens, por serem fálicos, escamoteiam a depressão e a consciência da morte com obsessões bélicas, financeiras ou políticas. As mulheres agüentam firmes a dor incompreendida. O mundo está tão indeterminado que está ficando feminino, como uma mulher perdida: nunca está onde pensa estar. O mundo determinista se fracionou globalmente, como a mulher. Mas não é o mundo delicado, romântico e fértil da mulher; é um mundo feminino comandado por homens boçais. Talvez seja melhor dizer um mundo travesti. O mundo hoje é travesti.

Arnaldo Jabor