Que nada, eu não sou um nada .

E depois que tudo passar, quem é que vai me levantar? Eu pensei em tudo sem querer pensar, o meu medo virou o meu maior álibi de desculpas esfarrapadas pra evitar um contato sóbrio com as pessoas...

E todo mundo que eu quis evitar, evitaram minhas desculpas, evitaram meus desconfortos e me evitaram por conforto...

Eu me senti numa luta de boxe, fui nocauteada ao chão... Escutando os gritos da platéia me senti como um tapete sujo de poeira, sem ninguém pra me sacudir e me por ali de novo, resolvi achar minhas próprias soluções...

Foi ai que me transformei em tapete voador e voei em meio do nada, em meio do ar, do mesmo ar que me sufocava eu voei, voei por cima e mostrei pra todo mundo que pra sacudir a poeira do corpo, eu não precisei de nenhum tapinha falso nas costas...

E lá do alto eu pude te ver acenando pra mim, de sorriso claro e olhos escuros, você estava diferente...a estrela atrás de você brilhava, disputava com o brilho do teu sorriso.

Se tudo passa, quem é que vai passar por mim e me dizer um oi? Eu já não sei se tudo passa, só sei que passaram por cima de mim... E levaram colado na sola de seus sapatos tudo que eu já senti, tudo que eu podia sentir...volta, trás de volta, trás também uma corda, vai sem pressa, e me faz uma compressa de água fria, me desperta...

Eu preciso de tudo um pouco, até de nada, mais me jogaram ao nada, no meio do nada de um rio de águas escuras e eu nadei, eu me salvei e mostrei que ninguém vive de nada, ninguém vive sem nada... Até de amor eu preciso, até de ódio eu necessito... Pra me sentir viva, pra viver de alguma coisa, inventar coisas, mais eu preciso me manter viva...

Então se você ver que eu estou prestes a me afogar, me trás a solução e nada, nada rápido, me tira dessa água, me faz respirar, me faz voltar a pulsar, respira com minha boca na tua e me faz crer, que nada nessa vida é capaz de me matar, de me fazer parar de nadar...porque talvez seja o seu ar que me faz respirar, talvez seja o seu ar que me dar força pra nadar, e querer sobreviver desse mergulho profundo que é viver...