quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

V a z i o


O telefone já não toca como antes e nenhum sorriso é mais aconchegante. O vento quente no rosto te trás memórias antigas gravadas num disco de vinil. O único cheiro que reveste o ambiente é o cheiro de chuva. O gosto amargo ainda está na minha boca e já não me resta nenhuma sensação boa.

Acabei me enrolando em novelos de lã e passei o resto da tarde desatando todos os nós que você deixou na minha garganta. A dor maior está no coração, e eu sinto cada centímetro do meu corpo tremer. Minha cabeça dói e meus olhos não sabem em qual direção ver, está nublado demais em volta de todos. E aquele sorriso que eu deixei guardado em você com a desculpa de pegar depois, já não estava mais lá, você perdeu meu sorriso... Você perdeu o dom de me fazer sorrir.

E eu me sinto tão perdida, eu já não sei por qual caminho seguir, eu já não tenho mas nenhum ombro pra apoiar meu rosto. E vou seguindo por essa trilha quase apagada, eu me sinto totalmente anestesiada... Eu já não tenho motivações pra me fazer levantar a cada manhã, eu já não tenho mais tanta vontade assim de respirar e eu vou levando o que ainda dar pra levar.

Eu mal consigo lembrar o sonho que tive na noite anterior, eu mal consigo falar sem ter uma vontade atordoante de chorar. E minha cabeça parece um carrossel de dúvidas, eu me sinto impotente diante de tudo que está me destruindo aos poucos, eu me sinto mal por não ter mais um pensamento sequer que me recomponha, que me faça levantar e sorrir.

É tão difícil para mim. Está tão difícil resistir, querer continuar, eu já me sinto sem forças. E a cada momento eu me vejo aqui e ali, sem ponto fixo. Pessoas me vêem de uma forma inusitada, a minha parte incompleta sempre permanece vazia.

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